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Como usar o APT
Capítulo 3 - Configuração básica


3.1 O arquivo /etc/apt/sources.list

Para seu funcionamento, o APT utiliza um arquivo que lista as `fontes' de onde ele obterá os pacotes. Esse arquivo é o /etc/apt/sources.list.

As entradas neste arquivo normalmente seguem o seguinte formato:

     deb http://host/debian distribuição seção1 seção2 seção3
     deb-src http://host/debian distribuição seção1 seção2 seção3

É claro que as entradas acima são fictícias e não devem ser usadas. A primeira palavra em cada linha, deb ou deb-src, indica o tipo de repositório: ou seja, os pré-compilados que normalmente usamos, ou se guarda pacotes fonte (deb-src), que são o fonte original do programa mais o arquivo de controle Debian (.dsc) e o diff.gz contendo as modificações necessárias para se 'debianizar' o programa, veja Construindo a partir dos fontes, Capítulo 5.

The word that goes where we read distribution in the above example defines what is the Debian suite we're targeting. They can be generic names, like "stable", "testing", or specific names like "sarge" and "etch". Let's say the current testing is called "etch" and you want to keep tracking "etch" even when it becomes stable; in this case you should use "etch" for distribution. In case you want to keep tracking testing you should use "testing" instead.

So, if you want to always have the latest stable distribution, and upgrade as soon as a new release is made, you should be using "stable" as distribution. This may not be a good idea, for you may want to plan the upgrade for stable releases, which sometimes involves more than simply answering a few new questions, besides doing some testing and backuping before proceeding, so I recommend you always use the codenames.

Nós geralmente encontramos o seguinte num sources.list padrão do Debian:

     deb http://http.us.debian.org/debian sarge main
     deb http://http.us.debian.org/debian stable main

Estas são as linhas necessárias para uma instalação básica do Debian. A primeira linha deb aponta para o repositório oficial, a segunda para um repositório non-US e a terceira para um repositório de atualzações de segurança do Debian.

As duas últimas linhas são comentadas (com um '#' na frente), então apt-get irá ignorá-las. Estas são as linhas deb-src, ou seja, elas apontam para pacotes fonte do Debian. Se você costuma fazer o download de fontes de programas para testar ou recompilar, descomente estas linhas.

O arquivo /etc/apt/sources.list pode conter vários tipos de linhas. O APT sabe lidar com repositórios http, ftp, file (arquivos locais, por exemplo, um diretório que contenha uma ISO montada) e ssh, até onde eu sei.

Lembre-se: toda vez que você quiser adicionar um novo fonte para o APT, este é o arquivo que você irá editar.

Não esqueça de atualizar a lista de pacotes depois de modificar o arquivo /etc/apt/sources.list, veja Atualizando a lista de pacotes disponíveis, Seção 4.2. Você deve fazer isso para que o APT saiba quais pacotes estão disponíveis nas fontes que você especificou.


3.2 Gerenciando pacotes

Desde a versão 0.6 do APT, pacotes são autenticados para se ter a certeza que eles são originados dos fontes que eles deveriam ser originados. Esta é uma funcionalidade de segurança opcional. Se o sistema não consegue autenticar o pacote durante a instalação, ele irá perguntar se você quer ou não abortar a instalação.

Sendo que esta autenticação é baseada em métodos criptográficos, o APT o mantém no seu próprio chaveiro. Cada entrada do seu arquivo sources.list terá uma chave correspondente. Porém, se você está utilizando fontes APT não oficiais, pode acontecer de uma fonte que você esteja usando não seja autenticada. Neste caso, você deve sugerir que o mantenedores dessas fontes implementem métodos de autenticação nos seus sites.

Para se beneficiar desta funcionalidade de segurança, você precisa adicionar uma chave ao chaveiro do APT para cada fonte autenticada. Isto pode ser feito com GPG, mas o APT oferece uma ferramenta, apt-key, que é um atalho (wrapper) simplificado para o GPG.

apt-key é fácil de usar. A parte complicada deste processo é pegar uma chave para cada uma das fontes, e ter certeza que você pode confiar nestas chaves.

A chave do arquivo Debian será instalada em /usr/share/apt/debian-archive.gpg, então você pode simplesmente usar esse arquivo para adicionar a chave oficial no seu chaveiro APT fazendo apenas:

     # apt-key add /usr/share/apt/debian-archive.gpg

Para fontes externas, não oficiais, você irá precisar descobrir onde a chave pública foi disponibilizada para que você possa importá-la para o seu chaveiro do APT.

Se você escolher desativar a verificação criptográfica dos arquivos Release por alguma razão, você pode adicionar a seguinte configuração do APT (veja O arquivo de configuração do APT, Seção 3.4):

     APT::Get::AllowUnauthenticated "true";

3.3 Adicionando um CD-ROM no arquivo sources.list

Se você preferir usar seu CD-ROM para instalar pacotes ou atulizar seu sistema autometicamente com APT, você pode adicioná-lo no seu arquivo sources.list. Para fazer isso, você pode usar o programa apt-cdrom desta forma:

     # apt-cdrom add

com o CD-ROM do Debian no drive. Isso irá montar o CD-ROM, e se ele for um CD válido do Debian ele irá procurar por informações de pacotes no disco. Se sua configuração de CD-ROM for pouco usual, você pode também usar as seguintes opções:

     -h           - Ajuda do programa 
     -d directory - Ponto de montagem do CD-ROM 
     -r           - Renomeia um CD-ROM reconhecido
     -m           - Não montar 
     -f           - Modo rápido, não verifica os pacotes
     -a           - Modo completo de scan

Por exemplo:

     # apt-cdrom -d /home/kov/mycdrom add

Você pode também identificar um CD-ROM, sem adicioná-lo na sua lista:

     # apt-cdrom ident

Note que este programa funciona somente se seu CD-ROM está configurado corretamente no sistema /etc/fstab.


3.4 O arquivo de configuração do APT

APT utiliza /etc/apt/apt.conf como seu principal arquivo de configuração. APT uses /etc/apt/apt.conf as its main configuration file. Contudo, como você irá notar, não existe um arquivo com este nome na instalação padrão, você pode cuidadosamente criar um e adicionar suas opções lá. Se você preferir, há uma maneira mais modular de configuração manual: você pode colocar arquivos individuais com os nomes que você escolher dentro de /etc/apt/apt.conf.d/.

Tenha cuidado com dois aspectos quando você escolher a forma modular: alguns pacotes Debian irão deixar suas configurações dentro daquele diretório, então você deve tentar prevenir conflitos de nomes, por exemplo, adicionando um sufixo -local no nome do arquivo. Além disso, a configuração é lida ordenadamente pelo nome do arquivo, então você pode adicionar um número no início do nome do seu arquivo para posicioná-lo na sequência. Por exemplo, você pode nomeá-lo como 00000myconf-local se você quer ter certeza de que sua configuração será a primeira a ser considerada.

Para conhecer a sintaxe e opções aceitas por esses arquivos de configuração consulte a página de manual apt.conf(5).


3.5 Ajustando prioridades do APT para pacotes

O APT usa um algoritimo de priorização para decidir em qual repositório um dado pacote deve ser pego. Aqui está um simples exemplo:

     $ apt-cache policy apt-howto
     apt-howto:
       Instalado: 1.8.10.3-1
       Candidatos: 1.8.11-1
       Tabela de Versão:
          1.8.11-1 0
             500 http://ftp.nl.debian.org sid/main Packages
      *** 1.8.10.3-1 0
             500 http://ftp.nl.debian.org sarge/main Packages
             100 /var/lib/dpkg/status

Eu tenho duas fontes aqui: uma sid e uma sarge, e isso é tudo.

The installed version is marked with ***. We can see its installed because of the mention of the /var/lib/dpkg/status file, too, which holds the information about the current state of the system. We can also see that the package comes from sarge. The sid version is also listed as available.

O APT dá prioridade 100 para pacotes instalados, como nós podemos ver, e 500 para todos as outras fontes, com uma única exeção: a suite experimental, que, como já dissemos, é tratada de uma maneira especial por diversas ferramentas. O algoritimo do APT irá preferir instalar os pacotes de fontes com alta prioridade. Se a prioridade for a mesma, então ele dará preferência à versão mais atual. Você pode perceber isso olhando o campo Candidatos, que lista a versão mais nova, da unstable, como candidata para instalação: ele quer atualizá-lo.

Se você quer ter somente a fonte sid para instalar pacotes selecionados e não quer que o APT automaticamente considere os pacotes dessa fonte como candidatos para atualizações, então você deve modificar suas prioridades. Você faz isso usando o campo Archive do arquivo Release da fonte que você quer dar prioridade. Você pode procurar essa informação olhando o arquivo Release que a operação de update baixou:

     # grep ^Archive /var/lib/apt/lists/ftp.nl.debian.org_debian_dists_sarge_main_binary-i386_Release
     Archive: stable

Note que o nome do arquivo muda dependendo da sua fonte. Para fazer com que O APT deixe seus pacotes na suite stable você adiciona um arquivo com o seguinte conteúdo em /etc/apt/apt.conf.d/:

     APT::Default-Release "stable";

Assim, a política APT terá sido modificada:

     $ apt-cache policy apt-howto
     apt-howto:
       Instalado: 1.8.10.3-1
       Candidatos: 1.8.10.3-1
       Tabela de Versões:
          1.8.11-1 0
             500 http://ftp.nl.debian.org sid/main Packages
      *** 1.8.10.3-1 0
             990 http://ftp.nl.debian.org sarge/main Packages
             100 /var/lib/dpkg/status

O APT dará prioridade 990 para sua fonte padrão para qualquer pacote, os outros permanecerão como antes. Pacotes de outras fontes que estão instalados terão suas prioridades aumentadas de 100 para 500. Por que o APT não fará uma desatualização (downgrade) dele? Porque o APT irá considerar um downgrade no caso em que é dada uma prioridade acima de 1000. Isso significa que o APT não atualizará automaticamente versões de fontes não padrão ao menos que a ferramenta que você estiver utilizando queira te ajudar nisso, que é o caso do aptitude.

Definir prioridade para grupos de pacotes baseados em muitos outros critérios é também possível, utilizando o arquivo de configuração /etc/apt/preferences. Você pode convencer o APT a tentar realizar uma desatualização (downgrade) de todo seu sistema, o que não é garantido e não deve ser realizado por pessoas com problemas de coração.


3.6 Usando o APT através de um proxy

Se você está usando o APT numa rede em que todas as conexões http e ftp são feitas através de um proxy, então você terá que configurar o APT para usar esse proxy. Você pode fazer isso editando o arquivo de configuração /etc/apt/apt.conf ou colocando um arquivo de configuração dentro do diretório /etc/apt/apt.conf.d/, que torna mais fácil de organizar as configurações (dê uma olhada em O arquivo de configuração do APT, Seção 3.4).

Se esse arquivo não existe, então crie-o e adicione linhas como estas:

     Acquire::http::proxy "http://proxy:port";
     Acquire::ftp::proxy "http://proxy:port";

Substitua proxy e port pelas dadas pelo seu administrador da rede. Você pode também especificar o usuário e senha se o proxy necessitar, dessa forma:

     Acquire::http::proxy "http://user:password@proxy:port";

Há muitas outras opções interessantes que você pode utililizar no arquivo de configuração /etc/apt/apt.conf, veja O arquivo de configuração do APT, Seção 3.4.


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2.0.2 - October 2006

Gustavo Noronha Silva kov@debian.org